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11 de jan. de 2011

20 de janeiro...não existe mais

E esse dia nublado que chora
sinto saudade da tia que resolveu sair de cena sem avisar
e hoje de repente me veio na mente
seu rosto
seu jeito alegre.
Lembro do samba
lembro da casa alegre
lembro de vê-la sempre tão contente.
E janeiro de repente tornou-se triste porque foi o mês que ela resolveu ir embora
de repente
de uma hora para outra
fiquei com tanta raiva do mundo naquele dia
via a morte pela primeira vez
tão sentida e sofrida
uma dor que doía e eu não sabia como fazer para me libertar daquilo
fiquei triste por muitos dias
tive que tomar calmante para suportar
mesmo não suportanto tanto toda aquela dor
e eu chorava
e meu peito espremia tudo que há dentro
e eu chorava e soluçava compulsivamente
uma tristeza que jamais tinha tido
e hoje não sei mais viver o dia 20 de janeiro
não existe mais
fica aquele buraco do dia 19 ao dia 21
e hoje
depois de 4 anos sem ela
sem aquela presença encantadoramente livre
uma mulher que dizia o que pensava e era assim e pronto
eu amo minha tia
e sinto uma falta dela tão grande
e sinto raiva da morte porque me privou de ter sua companhia
lembro da infância ao teu lado
lembro das nossas conversas longas
e por horas e horas e horas
e no final era sempre gargalhadas
e tantas e tantas e tantas
desde aquele dia eu passei a ser diferente
a encarar o mundo diferente
porque a morte mostrou seus dentes e levou daqui um amor meu
um bem tão precioso que até hoje tento entender e desisto com lágrimas nos olhos
de repente veio na lembrança o seu rosto e sinto uma saudade tão grande, tão forte
que fico com raiva daquela imprudência dela de ter feito errado
de não ter feito o certo
e eu fico com um nó na garganta
com um bloco entalado aqui dentro
desde aquele dia eu não entendo o sentido da vida.
E me desespero de tristeza por essa saudade absurda que não passa.
Insiste em não passar.

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