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2 de dez. de 2008

Abro a janela do meu quarto e vejo no chão da rua um corpo estirado.
Um ônibus parado.
E um homem de joelhos, sentado no meio fio da rua em desespero.
Não entendo nada...
Uma enorme mancha de sangue e restos de um corpo.
Seu meio de transporte de trabalho de cabeça para baixo.
Parece que o mundo por instantes está de cabeça para baixo
Uma lágrima rola do meu rosto, penso na vida perdida, no desespero do motorista do ônibus que infelizmente passou por cima do entregador de pizza.
E me coloco nas duas situações...
As 18:15 pm
Rua cheia, ônibus cheio, tantas testemunhas de um acidente
Eu da minha janela, tentando entender a cena
Tentando processar uma vida perdida
E a agonia desesperadora de quem tirou, por acidente esta mesma vida
Fico perdida, pego o telefone e ligo para pessoas próximas, não consigo engolir a morte sozinha
Tenho que vomitar essa novidade ruim em outras pessoas
Em frente ao meu prédio muitos policiais aguardam o rabecão
E ele não chega
20:50 e nada
Aquele corpo ainda no chão estirado, agora com um saco em cima
Venta forte, parece que o infeliz está se despedindo
Pobre do homem que perdeu a vida trabalhando

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