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16 de jun. de 2011

Mary lee

Se este líquido que desce pela garganta cortasse as feridas internas,
eu estaria melhorando lentamente em cada gole.
Mas parece que o tempo todo tenho que provar ao mundo que eu realmente não quero nada.
Desde já, grito: Eu não quero nada!
Nada de amor e suas bobagens
Nada de grana e suas ambições
Todos eles correndo atrás de um rabo
ou melhor
eles correm atrás do próprio rabo.
Vítimas da sodomia santa de cada dia,
profecias cuspidas no ralo do banheiro,
jovens babacas presos por roubo,
política imperialista idiotizada por seres mongóis
(se estes putos distribuissem álcool na esquina)
mas nem isso fazem.
Guardam dinheiro e cartas tristes no armário.
Hoje de manhã estive de frente para o padre que me pediu um favor, tive o prazer de escarrar em sua cara idiota.
Mary lee atordoada dormindo no banco da praça
perdendo a paciência com homens trabalhadores escravizados pelo sistema corrupto escravocrata.
Babaquices a parte ,essa Mary lee anda com homens do poder paralelo. Outro dia fui convidado por ela para ir com eles para um whisky bar.
Bebida de primeira, não tinha dinheiro nenhum na carteira e ela sabia muito bem disso e simplesmente  disse para ficar tranquilo que arrumava whisky para nós dois por conta da casa. O que ela fez para conseguir eu realmente não sei e isso pouco importa. Depois de lá saímos por aí atrás de qualquer música de final de noite e de repente um rock and roll roubou nossa atenção.
Acordamos abraçados na grama do aterro, um policial militar interrompeu nosso sono e estava puto quando viu que estávamos nus.
Ainda no estado sonâmbulo, depois de acordar, ouvindo seus gritos de quem ganha pouco  e carrega na cintura um revolver de merda, coloquei as roupas e corri em direção ao bar da esquina.
Desde então não vejo Mary lee.
Uns caras que nos conhecem me disseram que tomou uns socos na cara e que sua face marcada perambula pelas ruas da Glória.
Sinto saudade de sua coragem, andando por aí, a toa no meio da noite.
Ela uma vez disse que me amava, olhei para ela e soltei uma gargalhada e falei qualquer coisa mas pela primeira vez na vida fiquei realmente contente em ouvir uma declaração tão sincera.
É, acho que sinto a falta dela nestas noites de inverno, de um lado para o outro pelas ruas da cidade. Parece que no frio esses putos ficam em casa de meia e pijama. As ruas estão vazias e estou buscando por Mary lee,minha doce e boa companhia.

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