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17 de dez. de 2010

Fome de elefante

Tenho medo desta fome pelo esgotamento das coisas
tenho medo de esgotar a vida
esgotar as fomes
fome!

Se escuto uma música,
se vejo algo interessante
quero tocar
apalpar
sentir entre os dedos esta novidade

Se leio um livro que me suga

Se gosto de alguém
me entrego
me perco
me jogo nesta montanha russa das emoções

Amo e me apaixono
e esgoto
e saio desgastada

Tudo que é muito desgasta muito duas vezes mais do que o normal

As vezes tento não pensar nesta fome
nesta fome
nesta fome.

Mas ela surge em tudo o que me interessa.

Tento deixar ela adormecida
tento não ligar pra ela
tento deixa-la no cantinho das pequenas coisas.

Mas eis que ela surge e de repente me suga
me leva a êxtases desconhecidos
e ao gozo pleno da existência.

Ok.

Saio parecendo ter comido um elefante
Saio esgotada.

Mas se não for desta forma
não me toca
tem que ser no susto
no impulso
tem que ser desta maneira faminta.
Ou toca ou não.

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